Ele achava que conhecia os segredos de seu pai, até que encontrou algo em seu interior que mudou tudo
Lá estava ela, empoleirada no topo da cidade, a mansão que dominava a imaginação dos habitantes da cidade há gerações. Sua silhueta se destacava contra o pôr do sol, lançando um padrão intrincado de sombras que dançavam e brincavam nas terras áridas ao seu redor. Era uma antiga mansão, com suas pedras gastas pelo tempo sussurrando histórias de uma era passada. A hera rastejava sobre sua fachada de tijolos, uma tapeçaria verde tecida por anos de abandono, e o jardim outrora vibrante estava tomado pela natureza.
Essa mansão espectral pertencia a um cavalheiro chamado Richard, um homem conhecido mais por seu desaparecimento do que por sua vida. Como a própria mansão, Richard estava envolto em camadas de rumores, sendo que o mais persistente deles era seu desaparecimento inesperado com um tesouro significativo. Apesar de muitos andarilhos curiosos e caçadores de fortunas, a verdade por trás das histórias era tão elusiva quanto a neblina matinal que frequentemente cobria a mansão.
Na esteira da memória coletiva da cidade, o filho de Richard, Mark, recebeu a herança da mansão sombria. Ele era um homem pragmático, não dado a voos de fantasia, mas nem mesmo ele podia ignorar o fascínio do mistério da mansão. Enquanto os últimos raios de sol se escondiam abaixo do horizonte, ele atravessou o portão de ferro enferrujado, cuja grandiosidade havia se perdido com o tempo e a ferrugem.
O ar dentro da mansão estava impregnado com o cheiro da idade, de poeira intocada e histórias esquecidas. Os cômodos estavam envoltos em silêncio, uma mortalha tangível que Mark quase podia tocar. Ele andou pelos corredores pouco iluminados, suas botas ecoando no espaço vazio. O tempo havia gravado sua passagem na casa, mas a mobília de madeira resistente, os retratos de Richard nas paredes e o grande lustre pendurado precariamente no teto serviam como testemunhos mudos da glória perdida da mansão.
Cada centímetro da casa lembrava Mark de seu pai, do homem que ele mal conhecia, o homem que agora estava reduzido a sussurros e conjecturas. Foi então que ele se deparou com algo que fez seu coração bater forte no peito. Ele descobriu uma chave antiga, manchada e coberta de poeira, guardada em uma gaveta obscura de uma escrivaninha de mogno. Ao segurá-la na mão, sentindo seu peso frio, a luz fraca da janela solitária captando seu brilho, ele se perguntou se essa poderia ser a chave que desvendaria os segredos que seu pai havia deixado para trás.
Sua mente racional lhe dizia que era apenas uma chave, uma relíquia enferrujada do passado, mas, no fundo, uma parte dele tremia de ansiedade. Sua pulsação se acelerou e sua respiração ficou presa enquanto ele contemplava o que essa chave poderia significar. Mark sentiu uma onda de emoções – medo, excitação, descrença e curiosidade, todas misturadas em um nó apertado.
As sombras se alongaram e a sala escureceu ao seu redor. Mark se viu dividido entre o fato difícil que ele havia se acostumado a aceitar – seu pai havia desaparecido sem deixar vestígios, deixando para trás apenas perguntas sem respostas – e a possibilidade tentadora de que agora ele poderia descobrir uma parte do passado misterioso de seu pai. Ele se sentou pesadamente sobre a velha escrivaninha, com a chave firmemente presa em sua mão, um único pensamento ecoando em sua mente.
E se?
Será que essa chave abriria uma porta para o passado de seu pai, desvendando os mistérios que o perseguiram durante todos esses anos? Ou será que isso apenas levaria a mais perguntas, mais confusão, mais enigmas sem resposta? Mas ele não podia negar a emoção que o percorria, a sensação de estar à beira de algo grande. Pela primeira vez desde que herdara a propriedade, Mark não sentia medo ou tristeza, mas sim entusiasmo – um desejo ardente de descobrir
O sol da manhã atravessou as janelas manchadas pelo tempo da mansão, lançando longos feixes de luz dourada nos cômodos carregados de poeira. Ele iluminava a grandiosidade que existia e a degradação que agora existe, iluminando os móveis quebrados, as teias de aranha nos cantos e o papel de parede amarelado que descascava em alguns lugares. A mansão tinha uma quietude sinistra, do tipo que você encontraria em uma biblioteca esquecida, com contos silenciosos pairando no ar.