Na esteira da memória coletiva da cidade, o filho de Richard, Mark, recebeu a herança da mansão sombria. Ele era um homem pragmático, não dado a voos de fantasia, mas nem mesmo ele podia ignorar o fascínio do mistério da mansão. Enquanto os últimos raios de sol se escondiam abaixo do horizonte, ele atravessou o portão de ferro enferrujado, cuja grandiosidade havia se perdido com o tempo e a ferrugem.
O ar dentro da mansão estava impregnado com o cheiro da idade, de poeira intocada e histórias esquecidas. Os cômodos estavam envoltos em silêncio, uma mortalha tangível que Mark quase podia tocar. Ele andou pelos corredores pouco iluminados, suas botas ecoando no espaço vazio. O tempo havia gravado sua passagem na casa, mas a mobília de madeira resistente, os retratos de Richard nas paredes e o grande lustre pendurado precariamente no teto serviam como testemunhos mudos da glória perdida da mansão.
Cada centímetro da casa lembrava Mark de seu pai, do homem que ele mal conhecia, o homem que agora estava reduzido a sussurros e conjecturas. Foi então que ele se deparou com algo que fez seu coração bater forte no peito. Ele descobriu uma chave antiga, manchada e coberta de poeira, guardada em uma gaveta obscura de uma escrivaninha de mogno. Ao segurá-la na mão, sentindo seu peso frio, a luz fraca da janela solitária captando seu brilho, ele se perguntou se essa poderia ser a chave que desvendaria os segredos que seu pai havia deixado para trás.